A Ciência Aberta desempenha um papel crucial no avanço científico, ao propor um modelo inclusivo e colaborativo para o conhecimento. Num contexto em que a partilha e a acessibilidade são cada vez mais valorizadas, esta prática revela-se fundamental para o progresso da investigação.
No entanto, qual é o nível de adesão à Ciência Aberta na Europa e, em particular, em Portugal?
Segundo um relatório da UNESCO , a implementação da Ciência Aberta apresenta desafios e oportunidades significativas. Atualmente, cerca de 46% das publicações científicas europeias são de acesso aberto, com Portugal ligeiramente acima desta média, com 50%. Apesar disso, o ritmo de adesão continua desigual, com países como a Alemanha e a França a liderarem em termos de percentagem de publicações abertas.
O papel dos serviços FCCN
Em Portugal, instituições como a FCCN, serviços digitais da FCT, apoiam a expansão da Ciência Aberta, através de plataformas, serviços e ferramentas que promovem a partilha de dados e publicações.
Um dos exemplos é o RCAAP – descrito, de resto, como “a iniciativa nacional de acesso aberto” – que armazena, preserva e promove o acesso ao conhecimento científico produzido em Portugal, aumentando a visibilidade dos resultados da atividade académica e científica nacional.
Também a b-on – Biblioteca do Conhecimento Online trabalha para esta missão, ao “garantir acesso a milhares de publicações de natureza científica e serviços eletrónicos à comunidade académica e científica nacional”. De igual forma, o projeto INDEXAR – Repositórios Digitais do Conhecimento, é uma plataforma que visa gerir informação sobre os repositórios e revistas digitais nacionais nas áreas da ciência, tecnologia e cultura.
Um movimento com várias frentes
Ao longo dos últimos anos, o trabalho da FCCN na área da Ciência Aberta tem ultrapassado a dimensão do acesso a artigos ou publicações científicas. Serviços e projetos mais recentes focam outras áreas emergentes dentro do universo da Ciência Aberta, como a gestão e partilha de dados de investigação.
O maior exemplo neste particular é o Polen, um serviço que promove a partilha e a preservação dos dados de investigação gerados no âmbito de projetos financiados com fundos públicos, sendo por isso decisivo para o trabalho de investigadores e cientistas. No mesmo sentido, destaque para a iniciativa PTCRIS que tem, ao longo dos últimos anos, transformado o ecossistema científico nacional, tendo em vista a gestão, produção e acesso a informação fidedigna, completa e atualizada sobre a atividade científica nacional.
Tendo em conta a importância da Ciência Aberta, que recorre a uma infraestrutura digital para facilitar a democratização do conhecimento, acelerando a inovação, a FCCN, serviços digitais da FCT participa ainda em várias iniciativas e consórcios internacionais que trabalham esta área. São exemplos a OpenAIRE, a European Open Science Cloud (EOSC) ou a associação Science Europe.
Acesso universal, múltiplas mais-valias
A Ciência Aberta oferece diversos benefícios à comunidade científica e à sociedade em geral. Entre eles, destaca-se a facilitação da cooperação entre cientistas de diferentes áreas e países, acelerando soluções para problemas complexos.
Por outro lado, através da implementação de princípios de Ciência Aberta, torna-se possível garantir uma maior equidade no acesso ao conhecimento, aumentando o reconhecimento do trabalho realizado por investigadores e cientistas. Desse ponto de vista, esta é também uma forma de garantir uma relação próxima e transparente entre Conhecimento e Sociedade, fazendo com que os cidadãos confiem mais na Ciência e nos seus resultados.