A gestão eficiente da informação científica é um dos grandes desafios da ciência moderna. E Portugal consegue alcançar uma posição de liderança neste processo de transformação, com uma estratégia inovadora e um forte investimento na interoperabilidade, através do PTCRIS: um ecossistema integrado de informação sobre a atividade científica nacional.  

O primeiro passo foi, em 2013, a adoção do ORCID pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) como identificador único de investigadores, que permitiu reduzir a carga burocrática e garantir, simultaneamente, maior fiabilidade e acessibilidade aos dados sobre ciência.  

A introdução do ORCID no concurso de avaliação das Unidades de Investigação e Desenvolvimento (UIDs) foi um dos grandes motores desta transição, pois incentivou os investigadores a registarem-se e a manterem os seus perfis atualizados. Esta medida fortaleceu a visibilidade e rastreabilidade das atividades científicas, e veio facilitar a gestão e monitorização da produção académica

O passo seguinte foi integrar o ORCID na plataforma nacional de currículos científicos CIÊNCIAVITAE através da sincronização via PTCRISync. Esta sinergia consolidou a utilização do identificador único em Portugal e resultou num crescimento expressivo da adesão: até 2019, cerca de 67% dos investigadores portugueses possuíam um ORCID com um elevado nível de completude dos perfis, colocando o país entre os pioneiros na integração deste sistema no ecossistema científico internacional (Measuring Research Information Citizenship Across ORCID Practice, Frontiers in Research Metrics and Analytics, 7, 779097 – March 2022). 

Figura2 Paper ORCHID FCCN, Serviços digitais da FCT
Estimativa da adoção e envolvimento com o ORCID por país. Os investigadores ativos na análise devem (A) ter publicado entre 2015 e 2019, (B) ter um histórico de publicações superior a 5 anos e (C) ter publicado mais de 5 artigos. Fonte: Measuring Research Information Citizenship Across ORCID Practice, Frontiers in Research Metrics and Analytics, 7, 779097 – March 2022. https://doi.org/10.3389/frma.2022.779097

Nos anos seguintes, a adesão manteve um ritmo crescente. Entre 2020 e 2024, a percentagem de investigadores portugueses com ORCID subiu para cerca de 80%, consolidando a posição do país como líder na implementação deste identificador. No entanto, a completude dos perfis registou uma ligeira queda, resultado da introdução de novas funcionalidades no ORCID que ainda não estão sincronizadas com o CIÊNCIAVITAE. 

Apesar deste desafio, a FCT mantém um papel de destaque na promoção e adoção de identificadores únicos, garantindo que Portugal continua a liderar globalmente na utilização do ORCID por investigadores financiados. Este compromisso é essencial para assegurar a ligação inequívoca entre autores, financiamentos, projetos e produções científicas, promovendo uma ciência mais transparente e eficiente. 

Figura5 Paper ORCHID FCCN, Serviços digitais da FCT
Estimativa da adoção e envolvimento com o ORCID por investigadores financiados com mais de 5 anos de histórico de publicações e publicações entre 2015 e 2019. Os tamanhos indicam o número de investigadores por financiador, com as formas representando diferentes regiões do mundo. Para facilitar a leitura dos nomes dos financiadores, os eixos não começam no zero. Fonte: Measuring Research Information Citizenship Across ORCID Practice, Frontiers in Research Metrics and Analytics, 7, 779097 – March 2022. https://doi.org/10.3389/frma.2022.779097 

E através do PTCRIS é possível a consolidação de um ecossistema científico nacional, onde a informação flui de forma integrada e acessível, conectando investigadores, instituições e conhecimento.  

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