O professor Rui Oliveira, Diretor do Centro Operacional onde está instalado o Deucalion, deu a conhecer o melhor supercomputador português gerido pela FCCN, serviços digitais da FCT, e pela Universidade do Minho e apoiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Quais eram os objetivos iniciais do Deucalion? Já foram alcançados?

A infraestrutura de alto desempenho do Deucalion permite acelerar a inovação científica e tecnológica, facilitandoa investigação de ponta em várias áreas como, por exemplo, física, química, biologia e ciências da computação, enquanto consegue reduzir significativamente o tempo que a indústria precisa para criar produtos, serviços ou tecnologias.

Além disso, o Deucalion pretende promover a colaboração e a inovação aberta entre as várias comunidades, sendo um recurso vantajoso para projetos colaborativos e interdisciplinares, por exemplo, nas áreas das alterações climáticas, Big Data e Inteligência Artificial. Direcionado também para as empresas, este recurso computacional pretende ser um elo entre as empresas e a academia, potenciando o desenvolvimento de soluções inovadoras em conjunto.

Na era da transformação digital em que vivemos, o Deucalion visa acelerar a transição digital, permitindo o desenvolvimento de soluções de Inteligência Artificial capazes de otimizar os processos na indústria e serviços, assim como contribuir para a sustentabilidade do planeta. A sua utilização em simulações, por exemplo, pode ajudar a encontrar soluções energéticas mais eficientes, modelações de mudanças climáticas, assim como estudos sobre a transição energética e gestão ambiental.

Ao mesmo tempo que acrescenta valor ao ecossistema científico e tecnológico nacional, o Deucalion vem capacitar as equipas na área da computação avançada. A utilização deste recurso permite, às instituições de ensino e de investigação, a formação de especialistas na área de High-Performance Computing (HPC), contribuindo para o desenvolvimento das suas capacidades na área. Estamos, portanto, perante mais um impacto a longo prazo da influência que o Deucalion poderá ter na sociedade. Já na esfera empresarial, este supercomputador português pode ser usado para formar equipas na área de HPC, capazes de incorporar novas tecnologias digitais nos processos de inovação, assim como simulações ou análises.

Por último, e com impacto internacional, o Deucalion vem colocar Portugal no mapa dos líderes em infraestruturas computacionais. Este posicionamento permite que instituições de ensino e investigação e, ao mesmo tempo, empresas possam alavancar as suas contribuições científicas e tecnológicas em igual condição com outros centros internacionais de ciência, tecnologia e inovação.

Por que foi escolhido o nome Deucalion?

O nome Deucalion é inspirado na mitologia grega. Deucalion, filho de Prometeu, é conhecido por roubar o fogo dos deuses e entregá-lo à humanidade. Depois de ter sobrevivido ao grande dilúvio enviado por Zeus, o Deucalion é associado à sobrevivência e à renovação. Assim, o nome Deucalion representa o engenho e adaptabilidade inerentes a estas poderosas máquinas, chamadas de supercomputadores.

Quantos projetos já estão a decorrer no Deucalion?

Atualmente, estão a decorrer meia centena de projetos, dos quais, cerca de 20% internacionais, da rede EuroHPC.

De que áreas são esses projetos?

Seguindo a classificação usada pelo EuroHPC JU, os projetos que estão a decorrer no Deucalion são focados nas áreas de Ciências Físicas e Engenharia, Ciências da Vida, e Ciências Sociais e Humanidades. Esta variedade vem atestar a abrangência de áreas onde este recurso computacional consegue ser uma ferramenta promissora para alavancar os avanços científicos e tecnológicos.

Desde a sua inauguração, em 2023, quais foram os principais marcos alcançados pelo Deucalion?

Além da inauguração, o arranque dos primeiros projetos, em junho de 2024, foi um marco de enorme importância para o Deucalion e para o seu contexto nacional e europeu. Estes projetos abriram as portas para o potencial de aceleração que o Deucalion vem acrescentar a qualquer investigador, académico ou inovador nos seus trabalhos.

O que se espera para o futuro do Deucalion?

As expectativas de futuro do Deucalion são bastante promissoras, tendo em conta o seu papel central na transformação digital e inovação tecnológica em diferentes áreas.

Espera-se que o Deucalion continue a desempenhar um papel crucial no avanço da investigação científica e tecnológica em Portugal e na Europa, contribuindo para o desenvolvimento de soluções tecnológicas e desafios transversais a várias áreas — apresentando-se, por isso, como uma alavanca para a expansão do ecossistema de inovação e investigação.

Sendo o Deucalion o primeiro supercomputador ARM da rede EuroHPC, o seu impacto faz-se sentir também no contexto europeu. Neste momento, o futuro supercomputador mais poderoso da Europa – com capacidade para 10^18 cálculos por segundo, o que equivale ao poder computacional de cerca de 400 mil computadores portáteis atuais – também terá arquitetura ARM, o que torna a máquina portuguesa o trampolim ideal para projetos que se queiram aventurar nessa nova arquitetura.

Assim, o futuro do Deucalion encerra em si uma evolução contínua, que impacta positivamente o progresso científico, a inovação empresarial e a competitividade global, enquanto desempenha um papel vital na transição digital e sustentável.

Logotipo Plano de Recuperação e Resiliência, logotipo da Republica Portuguesa e Logotipo da União Europeia

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