O Internet Exchange Point (IXP) disponibilizado pela Unidade da Computação Científica Nacional (FCCN) tem um impacto direto na utilização da Internet em Portugal, revela o gestor da área de redes do serviço de comunicações da Unidade FCCN, Pedro Lorga: “Quanto mais desenvolvido for o GigaPix, mais beneficiado será o utilizador da Internet em Portugal”.

Em que consiste o GigaPix?

Trata-se de um Internet Exchange Point (IXP) – uma estrutura física em que vários ISP’s (fornecedores de Internet) e CDN’s (servidores de conteúdos) trocam tráfego de Internet entre si. Sem este tipo de estruturas, o tráfego teria de atravessar muito mais domínios, o que implicaria mais atrasos, ou seja, teria impacto nos utilizadores. Implicaria também a necessidade de garantir ligações muito dispendiosas para fora de Portugal. Por outro lado, desta forma, existe também uma maior redundância, ao existir um novo ponto de troca de tráfego. Estas estruturas permitem ter um maior controlo sobre a infraestrutura de rede. Quanto mais pontos de troca de tráfego, quantos mais nós existirem, mais fácil será optimizar, ou seja, encontrar o caminho mais rentável.

Qual a relevância deste serviço para o utilizador?

Do total do tráfego da Rede Ciência, Tecnolgia e Sociedade (RCTS), mais de 30% faz-se através do GigaPix. E este número tem aumentado, ao longo dos últimos anos, tendo em conta o crescimento do número de membros aderentes. Neste momento, existem 36 entidades que são membros do GigaPix, tanto ISP’s e CDN’s. Isto permite uma redução muito significativa de custos. É benéfico para os utilizadores, para os fornecedores de conteúdos e para os fornecedores de Internet, sendo que se trata de um ponto neutro, uma vez que não é detido por nenhuma entidade comercial e não tem fins lucrativos.

Como se mede esse impacto, em termos de números? 

Neste momento, o GigaPix comuta 100Gb de tráfego. Sem ele, tudo teria de passar pelo Tier 1 [servidores de primeira ordem], o que implicaria custos acrescidos, tanto para os fornecedores como para os utilizadores. Por outro lado, sem GigaPix, os utilizadores de Internet em Portugal teriam um round trip time de 35 milissegundos ou superior [tempo total que um sinal demora a percorrer o trajeto entre o ponto de origem e destino]. Com o GigaPix, este valor total é inferior a 10 milissegundos. Isto melhora consideravelmente a experiência do utilizador, tanto na navegação na Internet, como nos casos de streaming ou videojogos online.

Quais próximos passos a dar?

O principal objetivo é aumentar o número de membros e o volume de tráfego trocado, bem como manter os níveis de disponibilidade do serviço e tornar a plataforma cada vez mais estável. Neste momento, o GigaPix está presente em quatro salas técnicas (três em Lisboa e uma no Porto) e outra das metas é conseguir fazer crescer o número de membros no Porto. Durante o próximo ano, serão também disponibilizados novos serviços que permitirão aos membros um maior controlo do tráfego. Quanto mais desenvolvido for o GigaPix, mais beneficiado será o utilizador de Internet: o GigaPix melhora a qualidade da Internet em Portugal, como um todo.

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