A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) descreve a recente ativação da ligação à RCTS a 100 Gbps*, no âmbito do projeto RCTS 100, como “absolutamente essencial”. Em entrevista, o Vice-Reitor para a área da Inovação, Transferência de Tecnologia e Universidade Digital desta instituição de ensino superior, João Manuel Pereira Barroso, destaca as várias dimensões em que esta mudança terá impacto. 

Qual o significado e impacto da ativação da ligação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro à rede nacional de ensino e investigação a 100 Gbps?

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro desenvolve as suas atividades nos três eixos clássicos de ensino, investigação e extensão à comunidade. Em cada um destes eixos há necessidades específicas de acesso a serviços online, que só podem ser utilizados eficazmente se houver uma ligação à rede de débito adequada. A ativação da ligação a 100 Gbps proporciona essa conetividade e é absolutamente essencial para potenciar a ação da universidade.


Que exemplos práticos podem ser dados desse impacto no que diz respeito às atividades de ensino? 

Em termos das atividades letivas e da comunidade discente, é normal o uso de dispositivos móveis, como computadores portáteis e smartphones, num rácio de 2 dispositivos por estudante. Esta característica exige uma rede, por um lado, com capacidade para ligar e gerir todos estes dispositivos, por outro, com capacidade de disponibilizar largura de banda suficiente a todos. Atualmente, o perfil de utilização dos estudantes atuais passa muito pelo acesso a serviços de cloud e conteúdos multimédia (como vídeos de grande qualidade) o que naturalmente implica uma largura de banda agregada muito grande.

E releativamente à dimensão da investigação científica? 

No plano da investigação científica, o acesso online à produção científica, como publicações científicas e ao serviço b-on, transformou a forma de conduzir algumas partes do processo de investigação. A pesquisa e download de conteúdos em texto integral, que substitui a antiga ida à biblioteca, é de facto muito cómodo e eficaz, mas também aí depende de uma ligação à rede de grande débito. A comunidade académica da UTAD depende em muito da qualidade desta ligação, para conduzir com sucesso os projetos e atividades de investigação científica.

De forma transversal ao ensino e à investigação, existem todos os processos de gestão (como aulas, júris, gestão de projetos, etc.), que são hoje fortemente baseados em serviços cloud para armazenamento e gestão de informação e em serviços de colaboração online como o Colibri/Zoom e o Microsoft Teams. Estes serviços potenciam a eficácia dos processos e, pela sua natureza, também só são viáveis com esta ligação à rede.

Há ainda novas possibilidades abertas no que diz respeito ao campo da Computação Avançada. Porquê?

Integrando a UTAD a Rede Nacional de Computação Avançada (RNCA), a ativação da ligação a 100Gbps vem abrir novas possibilidades na interação do seu Centro de Competências com os Centros Avançados. Em particular, em projetos de investigação e desenvolvimento que, por manipularem grandes quantidades de dados e requerem elevado poder computacional, são amplamente potenciados por esta ligação de grande débito e baixa latência. A ativação desta ligação tem um impacto na missão da Universidade, promovendo a difusão de conhecimento científico inovador, sendo um importante fator de coesão territorial.

Qual a importância e impacto que os serviços e projetos digitais da Unidade FCCN têm no dia a dia da comunidade da UTAD?

Se entendermos a ligação à rede como uma utility, nos mesmos termos que o é a disponibilidade de energia elétrica ou de água canalizada, a questão já não se coloca em termos dos benefícios deste serviço. Coloca-se nos termos da impossibilidade de operar sem ele. A rede, por si só, é algo ubíquo que proporciona o acesso a serviços eletrónicos. São esses que realmente têm impacto no dia a dia da comunidade da UTAD.

Nos últimos anos há alguns serviços que se tornaram imprescindíveis. Destaco o portal CIÊNCIA VITAE, que permite identificar os investigadores e simplifica muito a gestão de projetos científicos e a a b-on que, através da contratualização do acesso, permite disponibilizar à comunidade académicas o acesso às publicações científicas, o acesso ao conhecimento, e o desenvolvimento da investigação científica.

Saliento também a eduroam, que simplifica a mobilidade de estudantes e professores no universo académico, de forma transparente e ubíqua, bem como o Colibri que, nestes últimos anos de pandemia, se afirmou com a ferramenta de videoconferência da universidade portuguesa, criando novos hábitos e novas formas de fazer, que definitivamente vieram para ficar.

Por fim, há ainda um conjunto de serviços, que não sendo da responsabilidade direta da Unidade FCCN, podem ser eficazmente usados graças à infraestrutura e à ligação de rede, que são os serviços de colaboração na cloud, como seja o Office 365.

* Projeto cofinanciado pelo Programa Operacional de Assistência Técnica, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

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